"Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo…" (Antoine de Saint-Exupéry - Trecho de "O Pequeno Príncipe")

terça-feira, 30 de setembro de 2008


Seja você quem for
agora segurando minha mão,
sem uma coisa há de ser tudo inútil
— é um leal aviso o que lhe dou
antes que continue a me tentar:
não sou aquele que você imagina,
mas muito diferente.

Quem é que gostaria
de vir a ser um seguidor meu?
Quem é que gostaria de lançar
sua candidatura ao meu afeto?

O caminho é suspeito,
o resultado é incerto, destrutivo talvez;
teriam que abrir mão de tudo mais
tendo eu a pretensão
de ser seu padrão único e exclusivo;
sua iniciação haveria de ser ainda assim
extensa e fatigante,
toda a teoria da sua vida passada
e toda conformidade com as vidas em redor
precisariam ser abandonadas;
por isso deixe-me agora
antes de perturbar-se ainda mais,
deixe cair sua mão do meu ombro,
coloque-me de lado e siga seu caminho.

Walt Whitman (Leaves of Grass)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

De onde eu sou?




O Que É Que Eu Sou
Paula Toller


O que é que eu sou
Eu vim por quê
Pra onde eu vou
Onde é que eu tava

Onde é aqui
Quem me mandou
Qual é o nome
da minha alma

Acho que sou fruto da imaginação
A imagem viva da ilusão
Falso faz-de-conta
do que seja
Ou uma miragem
e um déjà vu qualquer

Você é quem
Veio de onde
Que faz aqui
Pra onde vai

Você não sabe
Eu também não sei
Somos o todo
feito de nada

.............................................................................




Esse desconhecimento, um eterno mergulho numa noite escura...
Ainda não sei quem sou, ainda estou na tentativa, engraçado é que a vida é uma longa tentativa, apesar dessa tentativa não haver volta nem segunda chance...
Apenas me sinto cansado, um pouco triste confesso, mais estou tão cansado q até a tristeza hoje deu uma trégua ou apenas quer me atacar mais tarde, me espreita para saber onde vai ser certeira...
Outra vez vi meus sonhos se desfazendo como peças de um quebra cabeças, quase morri (de novo), agora estou aqui sangrando, ferido, cansado, pesado e triste (opa ela chegou...) tudo bem... Hoje eu só preciso de um abraço...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Chuva de mel

"Sopro leve
veneno
sáliva doce
beijos e calor
toque...
viagem/vertigem
Paixão e especíarias
chuva de mel
no templo do prazer
no oceano alvo
no lençol sujo
repleto de amor, sonhos...e almas núas
Exalando prazer...."

Renato

sábado, 20 de setembro de 2008

Passarim

Passarinho, me conta, então me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Me diz o que eu faço da paixão?
Que me devora o coração..
Que me devora o coração..
Que me maltrata o coração..
Que me maltrata o coração..

Antonio Carlos Jobim / Paulo Jobim

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

MINHA RAZÃO EXISTENCIAL




Deus meu! O que faço neste orbe aziago?
De onde vim e que destino terá meu ser?
Viajante inóspito que nesta vida divago,
Num destino sórdido para nada aprender.


Estúpido, legenda aposta em meu saber,
Sou miséria de um homem em desalento,
Na busca obstinada em se auto-conhecer,
Navega na revolta este meu sofrimento.


O mistério da vida nunca me foi revelado,
Busco a causa de uma razão existencial;
Neste mundo não quero ser um destinado,
A não ver a dor como fator evolucional.


Dorido vale de lágrimas, vejo este espaço,
Que sempre desconheceu a vesga religião,
Vilipêndio à verdade pura que me desfaço,
Da história que não começou com Adão.


Encarcerado pela ausência da sabedoria
Divina, que há muito almejo em a obter,
Das minhas abstrações faço a apologia,
A um ímprobo desejo de o céu entender.


Ah, Universo! Causa em complexidade!
Eu, mero mortal, sou efeito desta fusão,
No esquema cósmico, sua conexidade,
Fudamento básico de toda uma razão.




Rivadávia Leite

Milonga Existencial

Gujo Teixeira / Ângelo Franco / Evandro Zamberlan

Tristeza, veste meu verso de lágrima cristalina
Porque eu carrego esta sina de chorar em poesia
E faz desta nostalgia razão pra ser mais feliz
Guardando aquilo que diz pra parceriar melodia
Palavra, mata o desejo que trago dentro do peito
Como quem tira um defeito que precisa ser extinto
Pois esse simples instinto me fez mais acostumado
E a saber chorar rimado essas tristezas que sinto
Amigo, faz um costado pra esse parceiro de lida
Que sempre soube que a lida é muito mais que um momento
Pois no meu entendimento, pior que morrer aos pouquinhos
É ter que matear sozinho guardando seus sentimentos
Sorriso, transforma a alma quando se canta pra alguém
Pois quem canta sabe bem mandar uma mágoa embora
E sabe que toda a hora que a saudade é mais sentida
A solidãp ganha vida e explica porque se chora
Saudade, mora em tudo mesmo que a gente não queira
É nossa antiga parceira, caminho, fonte e mundéu
E faz da gente a lo léu sentir-se mais diferente
E dizer o que se sente num pedaço de papel
Destino, caminho incerto, que a alma busca sem pressa
Pois pouco me interessa se a vida é boa ou ruim
A gente é mesmo assim, mata as tristezas rimando
E o que estiver esperando, a vida guarda pra mim.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Eu

"esta revolta íntima contra tudo, esta insatisfação, esta fuga de mim, e, ao mesmo tempo, esta eterna procura de meu eu é o que me torna infelicíssimo ... Sim, uma infelicidade que é tanto mais infeliz porque não é constante. O tédio, o cansaço prematuro de viver, o fastio de todas as coisas se alternam, às vêzes, com momentos de euforia"

Maysa


Essa imensa procura do verdadeiro eu interior...
Nem sempre a flores em nós, na verdade quase nunca há beleza, na maioria das vezes tudo é cinza, sombrio e fétido, em meio a uma espécie de luta intíma e velada...
Ainda estou me conhecendo, não gosto do que vejo, só me habituei a vê-las... Ví coisas que gostaria de esquecer e retirar de mim, tentei fugir,me enganar, mas apenas consegui voltar ao ponto de partida, um labirindo sem entrada ou saída! Não é possivel voltar atrás e fazer um novo começo, mas essa busca eterna e apaixonada que tenho por mim, pelo desbravamento do meu universo, por todas as sensações, não para colocar tudo numa garrafa e tomar num só gole mais degustar cada sensação mesmo que seja a pior possível ou o mesmo o deleite mais suave...
Não sou feliz, mais estou tentando...
Busco ainda o meu lugar ao sol...
Tropeço, mais continuo a caminhar...

Canção para um Desencontro




Deixa-me errar alguma vez,

porque também sou isso: incerto e duro,

e ansioso de não te perder agora que entrevejo

um horizonte.

Deixa-me errar e me compreende

porque se faço mal é por querer-te

desta maneira tola, e tonta, eternamente

recomeçando a cada dia como num descobrimento

dos teus territórios de carne e sonho, dos teus

desvãos de música ou vôo, teus sótãos e porões

e dessa escadaria de tua alma.Deixa-me errar mas não me soltes

para que eu não me perca

deste tênue fio de alegriados sustos do amor que se repetem

enquanto houver entre nós essa magia.


Lya Luft

domingo, 14 de setembro de 2008




Risos e Memórias
Diego Saldanha

Quando você
Lembrar e passar por aqui
Deixe o orgulho de lado
Senta que eu posso te entender

Mude a canção
Aquela não serve pra mim
Deixa eu sentar do seu lado
Adormecer o passado
E ter a certeza que os meus sonhos
Brilhariam num olhar

Eu espero que você não esqueca
Que eu te contava histórias
Que valiam risos e memórias
Tão sinceras
Que eu desejava o mundo
Dentro de um postal

Se amanhecer
Não há mais porque se enganar
Sei que já fomos culpados
Mas não me importo em me render

Tente encontrar
Caminhos na nova canção
Eu vou estar preparado
Pra me deitar do seu lado
E na certeza dos seus olhos
Haveria o meu lugar

Eu espero que você não esqueca
Que eu te contava histórias
Que valiam risos e memórias
Tão sinceras
Que eu desejava o mundo
Dentro de um postal