"Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo…" (Antoine de Saint-Exupéry - Trecho de "O Pequeno Príncipe")

domingo, 27 de setembro de 2009

Venha...


O céu,
A lua...
O toque seguro, tímido,
Sua voz e o silêncio gritante na mente,
O beijo! - Mais um por favor!
O brilho dos olhos doces,
O arrepio no corpo
e o calor no rosto...
Claro que há medo,
Mas tento vencer-me,
Segura minha mão,
Deixe-me, levarei a terras ocultas...
Venha!
Seremos criaturas da noite,
Livres, livres para amar,
Seja na lua ou num canto da cama,
No oceano das bocas unidas num beijo,
No fogo da nossa orgia...
Mas que seja sempre dentro dos olhos,
Pra sempre e todo o sempre!

Renato de Oliveira Santos

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."


(Clarice Lispector)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sexta, Beijo e Delícia








O beijo, o toque...

O seu tinha uma mistura, era doce com um toque de cevada e desejo. Mãos quentes e olhos fechados, no escuro do carro, quase amantes, ilegais no calor do hálito e na pressa de sentir, conhecer e ter para sí o gosto alheio. Na dança entre línguas sáliva e mãos que sábiam bem onde tocar, quase me perdi, na verdade me perdi naquela eternidade de prezer, um calor intenso na barriga e o gosto que arrancava a cada mordida, beijo, carícia e olhar...

Nos seus olhos ví o desconhecido, uma noite escura e como isso me atrái, andar pelo desconhecido, não ter rumo, os olhos não me diziam nada e isso me instigava mais e mais, agora sei que aquilo é o seu truque, sua forma tão singela de pedir para voltar e te desvendar...

Mas que beijo..

Renato de Oliveira Santos